Enquanto, estávamos, todos juntos na Aduana, fizemos várias, fotos, eu, cedi ao Argentino, meu ferramental para ele fazer um reparo na sua moto que perdeu um parafuso. Um Major do Exército Equatoriano, fez questão de posar para uma foto comigo com a 'guerreira', enfim, foi só festa e alegrias.
Saí antes do Venezuelanos, logo atrás do Argentino, Americano e Israelense, e segui para Otavalo, meu destino, programado desde que deixei Medellín, uma vez que se fosse para Quito, e resolvesse voltar, teria de andar mais ainda.
Apesar de próximo, da fronteira, cerca de 60 kms, em linha reta, as curvas e a sinuosidade do trajeto, quase triplicam esta distância e, apesar de pequena a distância, somando-se ainda que tudo é terreno íngreme, acaba-se levando uma eternidade para se percorrer este trajeto.
Eu há cerca de três semanas, postei na comunidade dos Mochileiros, do Orkut, um comentário, em que eu dizia, não compreender o porquê das pessoas excluírem o Equador e a Colômbia de seus roteiros de viagem.
No caso da Colômbia, eu até entendia esta postura, por conta dos jornais e notícias, que, só se referem ao País, quando há algum ataque guerrilheiros, ou de tráfico de drogas, porém, com relação ao Ecuador, eu comecei a creditar isso, ao fato da economia do País, ser dolarizada, e com isso, claro, os brasileiros acabavam optando por países, miseráveis, (ecônomicamente), como Bolívia, Chile, Peru, Paraguay, e, a própria Argentina, do plano atual, já que nesses lugares o Real, forte, faz frente ao Dólar, chegando a ser cotado, como na Venezuela, a ‘três X um’, ou seja, mais vantajoso, claro para quem viaja. Mas a coisa na prática, não é bem essa, e, como todos eu logo que passei a fronteira, comecei a ficar receosa se com os U$ 192,00, eu conseguiria me manter em Otavalo, por pelo menos duas semanas.
Meu referencial de custo, gira em torno do preço da gasolina, pois, se o combustível for caro, eu logicamente, me dano, uma vez que viajo de moto e sou obrigada a abastecer a cada 150, 200 kms, evitando assim que o nível do tanque baixe muito, além do quê, se eu pegar por exemplo, um trecho maior onde não haja postos eu estou sempre tranquila pois tenho uma margem de mais de 200 kms de segurança.
Passei por Tulcan, a primeira cidade logo após a fronteira, onde tentei em vão comprar numa farmácia, adoçante líquido, uma coisa não muito comum nesses países, mas também que serviria de primeira impressão do valor das coisas. Não obtive sucesso.
Mais a frente, minha surpresa. O primeiro pedágio, no Ecuador. Olhei a placa com os preços, em busca de motos e o valor: U$ 0,20. Moto paga também no País, porém um preço mais que justo: - Cerca de R$ 0,38, ao contrário dos abusos cometidos pelas concessionárias do Brasil, que chegam a cobrar o equivalente a U$ 1,50.
Segui em frente, pois, dada a demora na fronteira, já passavam das 13:30, horário, de Quito, e eu tinha de qualquer modo que chegar a Otavalo, ainda neste dia, nem que fosse necessário eu ter de pilotar um pouco à noite, mas eu estava decidida.
Rodei mais um tanto e foi quando percebi já estar na hora de reabastecer a ‘guerreira’. Comecei a olhar os preços anunciados nos postos e em todos a média da gasolina estava em U$ 1,48. Comecei então a fazer as contas de cabeça, e vi que, se fosse por ‘litro’ esta, valeria o equivalente a R$ 2,80, mais ou menos, ou seja, uma média mais ou menos que eu pagava, quando estava ainda transitando pelo Brasil, nada absurdo, “demais”.
Parei numa bomba. Mandei completar o tanque, já que eu havia rodado, 141 kms, desde o último posto. Valor do abastecimento. U$ 1,15, ou seja, a gasolina é cobrada por galão, (4 litros), sendo então o valor do litro, equivalente a R$ 0,70, mais ou menos, maravilha!
Já eram 14:30 hs, quando a ‘ambre’, (fome), começou a gritar: - Estava na hora de ver o preço da comida, já que o do pedágio e da gasolina foram duas surpresas excelentes.
Parei num restaurantezinho de beira de estrada, coisa que não costumo fazer, mas para se ter noção, o ideal é buscar o mais caro nesse momento.
Um truque, para todo viajante, fora do País, é sempre perguntar se tem ‘menu’, que é o “PF”, logo o mais em conta, e foi o que eu fiz.
Perguntei se havia menu e ‘cuanto o valor’, sendo dito então que o prato com ‘ensalada, aro, papas, e/ou, pollo, lombo de cerdo, ou, carne de rês, com acompanhamento de caldo, e jugo de moras’, custava U$ 2,50. Pedi então um, com lombo de cerdo, (carne de porco ensopada).
Muito bom, assim, tive a certeza de que mesmo ‘dolarizada’ a economia do Ecuador, estava dentro de um patamar muito aquém do que eu estava, pessimistamente, preparada para encarar.
Segui até Otavalo, onde cheguei já eram cinco horas da tarde e, no momento em que o comércio da cidade começava a fechar suas portas.
Não foi difícil encontrar o Hostal Chasqui, que eu já havia escolhido aqui na Web, - pela praticidade de ter estacionamento e Wi-Fi -, para ficar, já que o preço de U$ 8,00 era bem atrativo, porém, claro, eu iria pechinchar haja visto ficaria por no mínimo 2 semanas, e, costumo fazer o pagamento adiantado.
Depois de um pouco de conversa com a proprietária, fechamos em U$ 5,00, ou seja, os 14 dias, por U$ 70, num quarto privativo, porém sem banheiro.
O frio no Ecuador é algo terrível, principalmente para nós que estamos habituados, quando muito, há 25, 28 graus. Aqui a coisa gira em torno de 8, mas sensação térmica é de 5, quando não venta e quando rola qualquer brisa, a coisa, chega nos 3 graus.
Guardei a moto, peguei as coisas e preocupada com a janta, indaguei se havia algum ‘delivery’, mas isso aqui é coisa de luxo, mas por ser bem no centro, não é difícil restaurantes, bares e lanchonetes, e, praticamente em cada esquina, há ‘tiendas de víveres’, ou seja, biroscas, improvisadas nas próprias residências das pessoas e bem ao lado do Hostal, há logo 3, uma quase ao lado da outra e, foi onde eu comprei um pacote de salsichas, 250 gr de arroz, 5 pãezinhos, redondos, tipo uma broa de milho, só que neste caso é trigo, um sache de 250 gr de maionese, Maggi, um garrafão de 5 litros de água mineral, 1 quilo de sal, 250 gr de açúcar cristal, 2 pacotes de presunto fatiado, com 6 fatias cada, 2 pacotes de Tang, 2 litros, uma lata de 200 gr de Atum, e um pacote de 800 gr de Biscoito Salpets, 100 gr de pó de café, tudo por U$ 8,60.
Voltei ao hostal, preparei o café, e mandei ver no ‘sanduba’ de ‘Jamón’, (presunto), com maionese e café, liguei a televisão e fui assistir até dormir.